sexta-feira, 30 de março de 2012

MULHERES DO NORTE DE MINAS SEGUEM EM MARCHA

No último dia 17, mulheres de todo Norte de Minas se reuniram no município de Taiobeiras para marchar por mais justiça, liberdade e igualdade. Com firmeza nos ideais e alegria no coração, cerca de 2.000 mulheres seguiram pelas ruas da cidade na III Marcha das Mulheres do Norte de Minas onde cantaram, expressaram palavras de ordem e colocaram para fora toda a indignação com a desigualdade e injustiças sociais, econômicas e ambientais.

Durante o percurso, as mulheres fizeram quatro grandes paradas que refletiram sobre importantes temas. Na primeira parada foi feita a reflexão sobre a violência contra a mulher, a segunda, foi para denunciar os investimentos minerários na região, a terceira reivindicou salários justos com igualdade e liberdade. Já a quarta e última parada refletiu sobre a invisibilidade e desvalorização do trabalho produtivo e reprodutivo realizado pelas mulheres.
Luzinete Aparecida Batista, também conhecida como Netinha, participou pela terceira vez da Marcha. Para ela “é um orgulho e uma emoção muito grande participar de um momento como esse, em que as mulheres saem nas ruas para falar o que está entalado. É muito bonito quando as mulheres saem de suas casas e vão ao encontro das outras”, desabafa. Para Maria de Lourdes Souza Nascimento, a mobilização da Marcha teve resultados não só em quantidade, mas também em qualidade. Para ela, “isso foi claro pela postura e pronunciamento das mulheres que manifestaram seu protagonismo, cada uma do seu próprio jeito”. Segundo Lourdes, também foi impressionante o grande número de homens que voluntariamente participaram da Marcha.

MINERAÇÃO - Anunciado pela mídia e pelos políticos como a redenção do Norte de Minas, as mulheres denunciaram que as empresas mineradoras estão querendo na verdade é explorar os recursos naturais e deixar as crateras da destruição na região. As mulheres também denunciaram que elas serão as principais impactadas uma vez que gerará um grande fluxo de trabalhadores vindos de todos os lugares do pais, o que historicamente tem acarretado para as regiões minerárias, crescente índice de exploração sexual e aumento da criminalidade.
EMOÇÃO - Durante a Marcha, quando foi abordado sobre a violência contra as mulheres, a comoção tomou conta do coletivo. Com faixas nas mãos e sensibilizadas pelo tema, a reflexão com depoimentos e leituras de textos levou diversas mulheres a se emocionarem lembrando de situações vividas por muitas delas e em solidariedade às demais companheiras que continuam sendo agredidas de todas as formas, na maioria das vezes pelo seu companheiro.

Ao final da Marcha foi feito a leitura da Carta da III Marcha de Mulheres do Norte de Minas que sistematiza as lutas e as reivindicações das mulheres organizadas. A Marcha foi organizada pela Associação do Coletivo de Mulheres do Norte de Minas em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Taiobeiras e de demais sindicatos da região.


Carta da III Marcha do Coletivo de Mulheres do Norte de Minas
Taiobeiras-MG, 17 de Março de 2012


Nós mulheres do Norte de Minas estamos em marcha, com passos lentos daquelas que já sentem o peso da caminhada da vida, mas ainda tem muita resistência para marchar, com passos apressados, afoitos daquelas que no vigor da juventude estão dispostas a lutar, com passos cuidadosos daquelas que a cada passo planejam onde querem chegar. Estamos em marcha, sempre em movimento, não estamos esperando, estamos fazendo, construindo, denunciando, plantando e colhendo, estamos sempre lutando. 
Na defesa dos direitos das mulheres norte mineiras, sejam elas quilombolas, indígenas, geraizeiras, caatingueiras, vazanteiras, agricultora familiar, atingidas por barragens, pela monocultura do eucalipto ou pela mineração, assentadas da reforma agrária, trabalhadora rural ou urbana, o Coletivo de Mulheres do Norte de Minas realizou entre os dias 16 e 17 de março de 2012, a sua terceira Marcha.
A III Marcha do Coletivo de Mulheres do Norte de Minas reuniu na cidade de Taiobeiras, situada na região do Alto Rio Pardo, cerca de 2.000 mulheres, de 23 municípios do Alto Rio Pardo e da Serra Geral. 
A terceira versão da Marcha trouxe para o debate os seguintes temas:
·         A Violência Contra as Mulheres
·         Invisibilidade e desvalorização do trabalho produtivo e reprodutivo das mulheres
·         A mineração não é desenvolvimento é destruição
·         Trabalho e Salários Dignos: Contra as desigualdades no trabalho assalariado. 

Violência contra as mulheres
        
         A violência contra as mulheres é tema reincidente, em todas as versões da Marcha, denunciamos todas as formas de violência contra as mulheres, cobrando medidas, políticas públicas e incentivando a organização das mulheres.
         A violência contra as mulheres e meninas é estrutural, e conseqüência de um modelo capitalista e patriarcal de sociedade, baseado em relações de poder e propriedade onde a mulher é considerada e tratada como objeto de propriedade e uso do homem, a violência é vista como algo natural. Essa naturalização da violência contra a mulher faz com que as próprias mulheres tenham dificuldades em entender que estão sofrendo violência, principalmente quando o tipo de violência não é físico.
É preciso fazer chegar mais informações sobre os vários tipos de violência que muitas mulheres desconhecem, pois não deixam hematomas. Além da violência física, sexual e doméstica, é preciso denunciar também a violência de gênero, psicológica, a violência econômica ou financeira e a violência institucional.
      No Brasil a cada 4 minutos uma mulher é violentada em sua própria casa. 90% dos casos de violência contra a mulher são cometidos por pessoas do seu convívio. Mais de 40% das agressões resultam em lesões corporais graves ou morte. Os agressores permanecem impunes em 80% dos casos.
     Nós mulheres Norte mineiras e todas as mulheres do mundo queremos dar um basta na violência. É uma luta constante que já custou a vida de muitas companheiras. Não queremos somente denunciar e cruzar os braços queremos combater, contribuir na elaboração e construção de propostas, pela gravidade do problema muito precisa ser feito, é urgente o investimento em prevenção e combate a todo e qualquer tipo de violência contra as mulheres.
ü      Consideramos a Lei Maria da Penha um grande avanço, porém precisa ser mais divulgada, é preciso que se faça cumprir e que seja respeitada por todos principalmente por policiais e juízes.
ü      É imprescindível a construção de políticas intersetoriais nos níveis federal, estadual e municipal, com recursos financeiros e humanos adequados para a prevenção e punição da violência contra as mulheres.
ü      Ampliação da Rede de Serviços de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência (ampliação do número de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher, de Casas Abrigo para as mulheres e seus filhos, Juizados Especializados e Varas adaptadas, Defensorias e Promotorias Especializadas, Serviços de Responsabilização e Educação do Agressor, Promotorias / Núcleos de Gênero no Ministério Público).
ü      Continuar a capacitação de Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e Centros Especializados de Assistência Social (CREAS) para o atendimento adequado às mulheres em situação de violência.
ü      Promover a geração de renda para mulheres em situação de violência. 
ü      Estimular o desenvolvimento de pesquisas sobre o tema, e que a divulgação seja acessível a todas as mulheres (cartilhas, vídeos, etc).
ü      Realização de Campanhas de sensibilização da sociedade para que não só as mulheres, mas que todos se sintam responsáveis em denunciar casos de violência contra a mulher.

ü      A prevenção da violência contra as mulheres e meninas por meio de atividades de sensibilização, explicitando como ocorre a violência, quais são suas causas, e como se manifesta, assim como por meio do estimulo à auto-organização das mulheres;

Invisibilidade e desvalorização do trabalho produtivo e reprodutivo das mulheres

Historicamente, foram atribuídos ao termo trabalho vários significados, porém atualmente a compreensão da categoria trabalho, adotada pelo sistema capitalista e patriarcal, está diretamente relacionada ao trabalho assalariado, desenvolvido em espaços urbanos, na maioria por homens que exercem atividades no mercado capitalista.
As desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho, não se dão por suas diferenças biológicas, mas sim por construções sociais expressas através da divisão sexual do trabalho, que faz uma separação entre trabalho de homem e trabalho de mulher, onde o trabalho do homem vale mais que o trabalho da mulher. Ás mulheres cabe o trabalho doméstico, de cuidados, chamado reprodutivo. Aos homens estão destinadas atividades que possuem valor de troca, que podem ser mercantilizados, o trabalho produtivo.   
O trabalho reprodutivo, ou seja, o trabalho doméstico e de cuidados (com crianças, doentes e idosos) desenvolvido exclusivamente pelas mulheres, apesar de toda a sua importância para a reprodução da vida humana não e considerado como trabalho, é invisível e desvalorizado. 
A dupla jornada e sobrecarga de trabalho imposta às mulheres, a não socialização do trabalho doméstico, a dificuldade de acesso ao emprego, desvalorização e exploração do trabalho da mulher, são construções de uma sociedade patriarcal, machista e capitalista, acirrando as desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho.
    Pesquisa recente do IBGE, apresenta as seguintes conclusões:
  • Embora as mulheres sejam a maioria da população adulta no Brasil e apresentarem níveis crescentes de ocupação, elas têm menor inserção no mercado de trabalho.
  • Apesar de representarem 53,5% da população brasileira em idade economicamente ativa, as mulheres ocupam somente 44,4 % dos postos de trabalho. 
  • Uma trabalhadora brasileira recebe em média R$956,80 por mês de trabalho por uma jornada de 40 horas semanais. O valor representa 71,3% do que um homem recebe pelo mesmo trabalho.
  • Com relação à escolaridade as mulheres têm se destacado, de 2003 a 2008, o percentual de mulheres com ensino médio completo aumentou de 51,3% para 59,9%. Entre os homens no mesmo período aumentou de 41,9% para 51,9%.
  • Mas a escolaridade não é garantia de melhores condições de emprego para elas. A diferença de rendimentos entre os gêneros é ainda maior nas classes mais escolarizadas. Uma mulher com curso superior tem o salário em média 40% menor que um homem com a mesma função.
            È preciso que a mesma sociedade que criou as desigualdades crie também as possibilidades de modificação dessa realidade, é necessária a “reorganização do trabalho doméstico e de cuidados para que a responsabilidade por este trabalho seja compartilhada entre homens e mulheres dentro da família e comunidade”. É preciso que sejam construídas políticas públicas que apóiem a reprodução social, como creches, lavanderias coletivas e restaurantes populares, cuidados para idosos, assim como a redução da jornada de trabalho sem redução de salários.

A mineração não é desenvolvimento é destruição!
           
            Em nome do desenvolvimento econômico as regiões do Alto Rio Pardo e Serra Geral, desde a década de 1970 vêm sendo impactadas com grandes projetos como a pecuária, a monocultura do eucalipto, com destruição do cerrado e da caatinga, concentração e grilagem de terras, superexploração dos trabalhadores e enriquecimento de alguns. Atualmente a mineração é o grande projeto proposto para as regiões. Perguntamos: QUE DESENVOLVIMENTO É ESSE? PARA QUEM ESSE DESENVOLVIMENTO? QUEM DECIDIU QUE ESSE É O DESENVOLVIMENTO QUE QUEREMOS? Queremos chupar o umbu da caatinga, comer a cagaita do cerrado, roer piqui sem medo de morrer intoxicadas. Temos direito de continuar bebendo água pura dos ribeirões, dividir as sombras das árvores com as aves e demais animais menos perigosos que o homem. Não queremos este modelo que destrói as paisagens, utiliza grandes volumes de água e de energia, que gera resíduos, poluição do ar, poluição das águas subterrâneas e superficiais. Não queremos esse modelo que traz vibrações, rachaduras e barulhos nas casas causados pelas explosões e acidentes com minerodutos. Sabemos que em todas as regiões de mineração também são fortes os impactos sociais: inchaço das cidades e falta de infraestrutura para os serviços básicos como saúde, educação, transporte; aumento da violência e criminalidade; submissão do poder público e manipulação da opinião pública, acidentes com poluição e com trabalhadores; pressão imobiliária e aumento do custo de vida; pessoas de fora ocupando grande parte dos empregos gerados temporariamente; intensificação de conflitos por terra e água; perda de terras... enfim, todas essas conseqüências afetam diretamente as mulheres.
Não podemos deixar que empresas como a Sul América de Metais (SAM), Vale, CSN, Grupo Votorantim, MTransminas, Mineração Minas Bahia (Miba ) e Gema Verde, levem nossas riquezas e destruam nossas vidas impunemente. Precisamos defender nossas famílias, mulheres, meninas, nossas terras, o nosso modo de vida, nossos cerrados, caatingas e nascentes que serão gravemente afetados. Até quando nossos políticos vão ser cúmplices da catástrofe brasileira para garantir o desenvolvimento dos outros países e a destruição do nosso?

Trabalho e salários dignos: contra as desigualdades do trabalho assalariado.

Afirmamos a necessidade de proteger os direitos das assalariadas e assalariados rurais e urbanos e lutar por condições dignas de vida e de trabalho, e contra as ameaças aos nossos direitos trabalhistas. É imprescindível que trabalhadoras e trabalhadores conheçam a legislação trabalhista e sejam informados sobre os órgãos de fiscalização do trabalho urbano e rural. É preciso combater a exploração da mão-de-obra informal e o trabalho escravo, que ainda hoje consome as vidas de crianças, mulheres e homens, jovens e idosos. 
ü      Queremos que o Estado tenha políticas para garantir renda em situações de doença, de desemprego, licença maternidade e paternidade, aposentadoria (proteção social universal).
ü      Salários iguais para o mesmo trabalho de homens e mulheres, incluindo as remunerações pelo trabalho em zonas rurais;
ü      Salário mínimo justo (para diminuir a diferença entre salários mais altos e mais baixos e assegurar que todas e todos vivam com dignidade com as pessoas que são seus dependentes) instituído por lei que sirva como referência para todo o trabalho remunerado (público e privado) e prestação de serviços sociais públicos. Criação ou fortalecimento de uma política de valorização permanente do salário mínimo, com valores comuns para sub-regiões ou regiões;
“Para que todas as mulheres tenham autonomia econômica temos que construir uma sociedade na qual o trabalho - em todas as suas formas – seja reconhecido e valorizado”.

A nossa luta é por liberdade, solidariedade, igualdade, justiça e paz.
Em marcha sempre, até todas sejamos livres!

sexta-feira, 16 de março de 2012

III MARCHA DE MULHERES DO NORTE DE MINAS REUNIRÁ 2.000 EM TAIOBEIRAS

As mulheres organizadas norte-mineiras pretendem parar as ruas taiobeirenses. Isso é o que afirma a organização da III Marcha das Mulheres do Norte de Minas que acontecerá no próximo dia 17 de março, mês das mulheres, no município de Taiobeiras, micrroregião do Alto Rio Pardo. Estão sendo esperadas mais de 2 mil mulheres, de cerca de 33 municípios, que marcharão por justiça, liberdade e igualdade.

A última versão da Marcha, que ocorreu em 2011, aconteceu entre os municípios de Nova Porteirinha e Janaúba e contou com a participação de mulheres de toda região, sendo em sua maioria trabalhadoras rurais, totalizando a presença de quase mil mulheres na passeata, segundo dados da Polícia Militar. A primeira versão em 2009, foi em Montes Claros e parou o centro da cidade que é considerada a capital norte-mineira.

Agora, no ano de 2012, a terceira versão pretende continuar chamando a atenção da sociedade para a violência contra a mulher que está em todos os cantos do Norte de Minas, entre outras bandeiras de luta. As atividades começam desde o dia anterior, dia 16, sexta-feira, onde haverá a chegada, acolhida e hospedagem das participantes. No mesmo dia, a partir das 18:00 horas acontecerá uma Mesa Redonda na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Taiobeiras sobre as temáticas da III Marcha que são: Combate à violência contra as mulheres; Trabalho produtivo e reprodutivo das mulheres; Salário digno, com justiça, igualdade e liberdade; e Mineração não é desenvolvimento é destruição. 

No dia da Marcha, dia 17, as mulheres se concentrarão na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Taiobeiras a partir das 07:00 horas da manhã, onde se prepararão com apitos, faixas e balões para parar as ruas da cidade norte-mineira marchando pela a construção de um mundo melhor.  

A III Marcha das Mulheres do Norte de Minas é realizada pela Associação do Coletivo de Mulheres do Norte de Minas e conta com a parceria de diversas organizações sociais entre elas, grande parte dos sindicatos dos trabalhadores rurais da região, que estão se preparando em grandes caravanas para a participação na Marcha.

Contato:

Maria de Lourdes – STR Porteirinha (38) 9919-3076 e 9197-9223
Elisângela – STR Taiobeiras  (38) 9181-6084 e 9180-6770
Maria Assis – Rio Pardo de Minas (38) 9199-9229

PROGRAMAÇÃO
16/03/2012
18:00 horas –Mesa redonda com discussão política sobre as temáticas da Marcha, na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Taiobeiras.

17/03/2012
07:00 horas - Café da manhã e preparação para a Marcha com concentração em frente a sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Taiobeiras e mobilização com apitos, balões e faixas. Logo após, as mulheres seguirão em Marcha pelas principais ruas da cidade.

MULHERES DO SEMIÁRIDO MINEIRO SE ARTICULAM EM LUTA

As organizações sociais do semiárido mineiro estão se preparando  com ânimo e força para a celebração das lutas das mulheres. Para isso, diversas iniciativas estão sendo planejadas para a realização nesse mês de março.

Uma das ações que promete parar as ruas do município de Taiobeiras, na microrregião do Alto Rio Pardo, é a III Marcha de Mulheres do Norte de Minas que planeja colocar mais de 2.000 mulheres de cerca de 33 municípios nas ruas taiobeirenses marchando por justiça, liberdade e igualdade. A marcha acontecerá no próximo dia 17 e é realizado pela Associação do Coletivo de Mulheres do Norte de Minas. 

Já em Montes Claros, considerada a capital norte-mineira, a Arquidiocese junto com as Pastorais sociais e demais organizações sociais e entidades populares, estão organizando a Semana da Mulher que culminará na II Marcha das Mulheres de Montes Claros. Durante as celebrações da semana que iniciou no último dia 05, é previsto blitz educativas nas ruas da cidade, místicas, panfletagem, entrega da carta para o legislativo sobre a situação das mulheres no município, palestras, debates e demais atividades que vão até o dia 10, onde as atividades serão encerradas com a grande marcha pelas ruas do município.

No Vale do Jequitinhonha, além de outras ações de organizações populares na região, o Programa Vozes da Terra, realizado pela Cáritas Diocesana do Baixo Jequitinhonha na Rádio Santa Cruz FM, vai fazer um programa especial sobre a luta das mulheres. O programa vai ao ar na próxima sexta-feira, 09, a partir das 11:30 horas.

Além dessas ações no interior, no Dia Internacional das Mulheres, celebrado no dia 08 de março, diversas mulheres do semiárido mineiro (regiões do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha) se juntarão as outras das demais regiões do estado para fortalecer o Ato Público que acontecerá na capital mineira, Belo Horizonte. A concentração acontecerá na Praça da Estação a partir das 15:00 horas. O ação está sendo construída pelos movimentos feministas, sindicais, sociais, estudantis e outras organizações de todo o estado de Minas Gerais. Segundo a organização do Ato, os movimentos feministas e as organizações sociais pretendem realizar uma forte crítica ao capitalismo, que utiliza a opressão da mulher para explorar e obter mais lucros. Além disso, as manifestantes irão exigir dos governos municipal, estadual e federal políticas efetivas para extinguir com a violência sexista e melhorar as condições de vida da mulher trabalhadora e sua família.

Por Helen Borborema, comunicadora da ASA/ STR Porteirinha-MG

quinta-feira, 8 de março de 2012

MULHERES OCUPAM A SEDE DO INCRA EM MINAS GERAIS NO DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Cerca de 500 mulheres da Via Campesina e da Marcha Mundial das Mulheres ocuparam hoje (08) pela manhã a sede do Incra em Minas Gerais. A ocupação faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas 2012 e dá continuidade à luta das mulheres em nível nacional, regional e local por uma sociedade justa e igualitária.

A ação tem como objetivo denunciar o capital estrangeiro na agricultura, através das empresas transnacionais, e quer chamar a atenção da sociedade para o modelo destrutivo do agronegócio para o meio ambiente. O agronegócio ameaça a soberania alimentar do país e a vida da população brasileira, afetando de forma direta a realidade das mulheres.

As mulheres cobram agilidade na Reforma Agrária, pois há seis anos nenhuma área é destinada a este fim em Minas Gerais. Atualmente, 3.700 famílias vivem em condições precárias em 50 áreas de acampamento no estado à espera da reforma agrária.

No município de Felisburgo, Vale do Jequitinhonha, cinco trabalhadores rurais Sem Terra foram assassinados há 8 anos. O fazendeiro Adriano Chafick, mandante do crime, continua em liberdade. As famílias estão ameaçadas de despejo, pois a justiça expediu mandado de reintegração de posse em dezembro de 2011. A área deveria ser desapropriada por crime de violência no campo e por crime ambiental, mas o Novo Código Florestal beneficia o fazendeiro.

Diante disso, as mulheres do campo e da cidade se manifestam contra o novo Código Florestal, que privilegia os setores ruralistas que apoiam a anistia para quem desmatou até julho de 2008. Denunciam o agronegócio e seu modelo de agricultura industrial, que transforma o Brasil no maior consumidor de agrotóxicos do mundo desde 2009.

As manifestantes também reivindicam assistência técnica e crédito para as mulheres, implementação de cirandas infantis para as crianças de 0 a 6 anos e restaurantes comunitários nas áreas de reforma agrária.

Com a Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas 2012, a Via Campesina e a Marcha Mundial das Mulheres querem combater todas as formas de opressão e violência que atingem, principalmente, as mulheres. Dados da “Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180”, mostram que das mulheres que denunciaram terem sofrido violência em 2008, 91% são da zona urbana e 4,7% da zona rural, o que evidencia as dificuldades de acesso das mulheres camponesas, inclusive para fazer a denúncia.

MOVIMENTO DE MULHERES DO NORTE DE MINAS CONTINUA ARTICULAÇÃO EM 2012

Foi convocada para a próxima sexta-feira, dia 24, a Assembléia Geral da Associação do Coletivo de Mulheres Organizadas do Norte de Minas que acontecerá na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha. Segundo Maria de Lourdes Souza Nascimento, diretoria do Sindicato e coordenadora da Associação, “estão convidadas a participar da reunião todas as mulheres associadas e também as que pretendem se associar”. Além das pautas de praxe como a socialização do andamento dos trabalhos, prestação de contas, entre outros, a Assembléia será aproveitada para planejar a III Marcha das Mulheres do Norte de Minas que acontecerá nesse ano, no município de Taiobeiras.

A última versão da Marcha, que ocorreu em 2011, aconteceu entre os municípios de Nova Porteirinha e Janaúba e contou com a participação de mulheres de 33 municípios da região, sendo em sua maioria trabalhadoras rurais, totalizando a presença de quase mil mulheres na passeata, segundo dados da Polícia Militar. A primeira versão em 2010, foi em Montes Claros e parou o centro da cidade que é considerada a capital norte-mineira.

Agora, no ano de 2012, a terceira versão pretende continuar “chamando a atenção da sociedade para a violência contra a mulher que está em todos os cantos do Norte de Minas”, afirma Maria de Lourdes. Segundo ela “é preciso mostrar para as companheiras que vivem no seu canto, sofrendo caladas que não estão sozinhas na luta e que tem um grupo de mulheres lutando para que todas tenham justiça, igualdade e liberdade”. Além disso, o movimento tem como objetivo chamar a atenção para a participação das mulheres nos espaços da sociedade como um todo, seja nos debates, nas organizações, assim também como na política. A III Marcha das Mulheres do Norte de Minas acontecerá no dia 17 do mês de março, considerado o mês da mulher e pretende parar as ruas taiobeirenses.