quarta-feira, 9 de abril de 2014

CARTA DAS AÇÕES DO COLETIVO DE MULHERES DO NORTE DE MINAS EM 2014


Nos dias 05,06,07,09,10,13,16,21 e 30 de março de 2014,  mulheres, dos municípios de Taiobeiras, Rio Pardo de Minas, Indaiabira, Catuti, Bocaiuva, Nova Porteirinha, Capitão Enéas, Porteirinha, Ibiracatu, Varzelândia, Riacho dos Machados e Janaúba, todas se movimentam  no Coletivo de Mulheres Organizada do Norte de Minas, em postura de denúncia, com reivindicações relacionadas a: violência contra a mulher, participação da mulher na politica  e em defesa do meio ambiente.
Para construir processos que gerem autonomia e dar visibilidade ao trabalho das mulheres, seja no campo ou na cidade, potencializando a construção e o acesso as políticas públicas específicas para as mulheres, pelo combate a discriminação e exclusão das mulheres dos espaços decisórios, pela construção de uma sociedade com igualdade econômica social e cultural, entre as mulheres e homens, estamos em MARCHA.

As mulheres são mais de 52% do eleitorado Brasileiro do planeta, e vem assumindo progressivamente o sustento de suas famílias e são responsáveis por parte significativa da produção dos alimentos consumidos pela família e o conjunto da população.

Com tudo isso a sociedade insiste em manter na invisibilidade toda a imensa contribuição que as mulheres prestam a ela, que não é revelada, remunerada, valorizada e nem tão pouco reconhecida.

Depositamos esperanças em um cenário político, onde temos uma presidenta no poder, em que possamos avançar na implementação de programas e projetos com recorte de gênero, na participação e incorporação das mulheres na elaboração de políticas de gênero. Esperamos que nossos passos possam contribuir para reverter os processos sociais de desigualdades nas quais as relações de gênero merecem maior destaque. É urgente a transformação das relações desiguais de gênero em nossa sociedade.
Denunciamos, porém, que avanços como a Lei Maria da Penha e o Disque 180, por si só não conseguem acabar com a violência doméstica, é preciso esforços maiores como a implementação de políticas públicas amplas e articuladas de prevenção e combate à violência contra as mulheres.   
- Reivindicamos o combate a todo e qualquer tipo de violência contra as mulheres, criação de mais delegacias da mulher e casas de apoio que possam abrigar as mulheres vítimas de violência juntamente com seus filhos.

As mulheres desempenham papéis importantíssimos tanto para a produção quanto para aquisição de alimentos para prover suas famílias. A segurança alimentar pode ser alcançada em níveis doméstico, comunitário, nacional e internacional se houver a participação das mulheres na área do desenvolvimento e da segurança alimentar, das discussões, do planejamento e do estabelecimento de políticas e somente se os temas relativos a gênero e às várias atribuições das mulheres na segurança alimentar forem reconhecidos e valorizados.   

- É urgente potencializar políticas de promoção de segurança alimentar, e nutricional, reconhecendo a contribuição das mulheres desde sua condição biológica pela capacidade de amamentar, pelo provimento e manejo alimentar em suas casas, pela administração dos orçamentos domésticos e principalmente como produtoras de alimentos para o conjunto da população;
- Reivindicamos que políticas públicas de incentivo a organização produtiva das mulheres sejam potencializadas, gerando autonomia econômica, provendo o reconhecimento do trabalho produtivo e estimulando a geração de renda em atividades econômicas solidárias, e promovendo a produção agroecológica.
- Denunciamos os diversos entraves para o acesso ao crédito pelas mulheres rurais, gerados, principalmente pelo preconceito e discriminação de agentes financeiros, e o endividamento familiar causado por vezes pela inadimplência dos maridos. Para tanto sugerimos a desvinculação da atividade da mulher que ela possa executar qualquer projeto que tenha viabilidade independente do projeto acessado pelo marido.

As mulheres são as principais usuárias do Sistema Único de Saúde- SUS, tanto para atendimento próprio, tanto para acompanhar seus filhos e outros familiares, pessoas idosas, com deficiência, vizinhos e amigos. No entanto carecem de uma política específica de saúde.
A vulnerabilidade na situação de saúde das mulheres é agravada pela discriminação nas relações de trabalho, sobrecarga e responsabilidade com o trabalho doméstico e a discriminação e descasos sofridos pelas mulheres, reivindicamos:

- Agilidade no atendimento integral à saúde da mulher e da família.
- Melhorar e garantir do acesso das mulheres a todos os níveis de atenção à saúde através do SUS;
- A atenção integral à saúde da mulher deve ser pensada em todas as suas dimensões, envolvendo os diversos aspectos da vida como: a relação com o meio ambiente, alimentação, condições de trabalho, moradia, renda, educação e lazer.

Em nossa caminhada apoiamos também a luta das mulheres quilombolas e indígenas pela reapropriação dos seus territórios tradicionais e garantia de sobrevivência física e cultural.

Somos muitas, somos guerreiras, jovens, adultas, idosas, trabalhadoras rurais da agricultura familiar, mulheres urbanas, extrativistas, geraizeiras, ribeirinhas, assentadas, acampadas, atingidas por barragens, mineração, monocultura do eucalipto e outros conflitos ambientais.

ESTAREMOS SEMPRE EM MARCHA, ATÉ QUE TODAS SEJAMOS LIVRES!!!

Assinam esta carta:
Coletivo de Mulheres do Norte de Minas
ACMONM- Associação do Coletivo de Mulheres Organizadas do Norte de Minas
MMM - Marcha Mundial de Mulheres
Associação de Mulheres Quilombolas de Malhada Grande
Associação Municipal de Mulheres de Catuti
Associação de Mulheres de Malhadinha
FETAEMG
STR - Porteirinha
STR - Janaúba
STR - Rio Pardo de Minas
STR - Indaiabira
STR - Riacho dos Machados