quarta-feira, 9 de abril de 2014

CARTA DAS AÇÕES DO COLETIVO DE MULHERES DO NORTE DE MINAS EM 2014


Nos dias 05,06,07,09,10,13,16,21 e 30 de março de 2014,  mulheres, dos municípios de Taiobeiras, Rio Pardo de Minas, Indaiabira, Catuti, Bocaiuva, Nova Porteirinha, Capitão Enéas, Porteirinha, Ibiracatu, Varzelândia, Riacho dos Machados e Janaúba, todas se movimentam  no Coletivo de Mulheres Organizada do Norte de Minas, em postura de denúncia, com reivindicações relacionadas a: violência contra a mulher, participação da mulher na politica  e em defesa do meio ambiente.
Para construir processos que gerem autonomia e dar visibilidade ao trabalho das mulheres, seja no campo ou na cidade, potencializando a construção e o acesso as políticas públicas específicas para as mulheres, pelo combate a discriminação e exclusão das mulheres dos espaços decisórios, pela construção de uma sociedade com igualdade econômica social e cultural, entre as mulheres e homens, estamos em MARCHA.

As mulheres são mais de 52% do eleitorado Brasileiro do planeta, e vem assumindo progressivamente o sustento de suas famílias e são responsáveis por parte significativa da produção dos alimentos consumidos pela família e o conjunto da população.

Com tudo isso a sociedade insiste em manter na invisibilidade toda a imensa contribuição que as mulheres prestam a ela, que não é revelada, remunerada, valorizada e nem tão pouco reconhecida.

Depositamos esperanças em um cenário político, onde temos uma presidenta no poder, em que possamos avançar na implementação de programas e projetos com recorte de gênero, na participação e incorporação das mulheres na elaboração de políticas de gênero. Esperamos que nossos passos possam contribuir para reverter os processos sociais de desigualdades nas quais as relações de gênero merecem maior destaque. É urgente a transformação das relações desiguais de gênero em nossa sociedade.
Denunciamos, porém, que avanços como a Lei Maria da Penha e o Disque 180, por si só não conseguem acabar com a violência doméstica, é preciso esforços maiores como a implementação de políticas públicas amplas e articuladas de prevenção e combate à violência contra as mulheres.   
- Reivindicamos o combate a todo e qualquer tipo de violência contra as mulheres, criação de mais delegacias da mulher e casas de apoio que possam abrigar as mulheres vítimas de violência juntamente com seus filhos.

As mulheres desempenham papéis importantíssimos tanto para a produção quanto para aquisição de alimentos para prover suas famílias. A segurança alimentar pode ser alcançada em níveis doméstico, comunitário, nacional e internacional se houver a participação das mulheres na área do desenvolvimento e da segurança alimentar, das discussões, do planejamento e do estabelecimento de políticas e somente se os temas relativos a gênero e às várias atribuições das mulheres na segurança alimentar forem reconhecidos e valorizados.   

- É urgente potencializar políticas de promoção de segurança alimentar, e nutricional, reconhecendo a contribuição das mulheres desde sua condição biológica pela capacidade de amamentar, pelo provimento e manejo alimentar em suas casas, pela administração dos orçamentos domésticos e principalmente como produtoras de alimentos para o conjunto da população;
- Reivindicamos que políticas públicas de incentivo a organização produtiva das mulheres sejam potencializadas, gerando autonomia econômica, provendo o reconhecimento do trabalho produtivo e estimulando a geração de renda em atividades econômicas solidárias, e promovendo a produção agroecológica.
- Denunciamos os diversos entraves para o acesso ao crédito pelas mulheres rurais, gerados, principalmente pelo preconceito e discriminação de agentes financeiros, e o endividamento familiar causado por vezes pela inadimplência dos maridos. Para tanto sugerimos a desvinculação da atividade da mulher que ela possa executar qualquer projeto que tenha viabilidade independente do projeto acessado pelo marido.

As mulheres são as principais usuárias do Sistema Único de Saúde- SUS, tanto para atendimento próprio, tanto para acompanhar seus filhos e outros familiares, pessoas idosas, com deficiência, vizinhos e amigos. No entanto carecem de uma política específica de saúde.
A vulnerabilidade na situação de saúde das mulheres é agravada pela discriminação nas relações de trabalho, sobrecarga e responsabilidade com o trabalho doméstico e a discriminação e descasos sofridos pelas mulheres, reivindicamos:

- Agilidade no atendimento integral à saúde da mulher e da família.
- Melhorar e garantir do acesso das mulheres a todos os níveis de atenção à saúde através do SUS;
- A atenção integral à saúde da mulher deve ser pensada em todas as suas dimensões, envolvendo os diversos aspectos da vida como: a relação com o meio ambiente, alimentação, condições de trabalho, moradia, renda, educação e lazer.

Em nossa caminhada apoiamos também a luta das mulheres quilombolas e indígenas pela reapropriação dos seus territórios tradicionais e garantia de sobrevivência física e cultural.

Somos muitas, somos guerreiras, jovens, adultas, idosas, trabalhadoras rurais da agricultura familiar, mulheres urbanas, extrativistas, geraizeiras, ribeirinhas, assentadas, acampadas, atingidas por barragens, mineração, monocultura do eucalipto e outros conflitos ambientais.

ESTAREMOS SEMPRE EM MARCHA, ATÉ QUE TODAS SEJAMOS LIVRES!!!

Assinam esta carta:
Coletivo de Mulheres do Norte de Minas
ACMONM- Associação do Coletivo de Mulheres Organizadas do Norte de Minas
MMM - Marcha Mundial de Mulheres
Associação de Mulheres Quilombolas de Malhada Grande
Associação Municipal de Mulheres de Catuti
Associação de Mulheres de Malhadinha
FETAEMG
STR - Porteirinha
STR - Janaúba
STR - Rio Pardo de Minas
STR - Indaiabira
STR - Riacho dos Machados
                                                       


sexta-feira, 22 de março de 2013

IV Marcha do Coletivo de Mulheres Organizadas do Norte de Minas



Cerca de três mil mulheres farão parte de mais um movimento de luta pela igualdade de direitos e reconhecimento do trabalho das mulheres rurais na cidade de Porteirinha.

Nos dias 22 e 23 de março, será realizada a IV Marcha do Coletivo de Mulheres Organizadas do Norte de Minas Gerais, no Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade de Porteirinha. Além da já conhecida passeata, o evento conta com oficinas, palestras, feira e uma noite cultural; tudo isso, baseado em temas para os quais o Coletivo de Mulheres trava lutas e debates há mais de quatro anos: direitos das mulheres, luta pela terra, luta pela água e produção agroecológica.
Para Maria de Lourdes de Souza Nascimento, coordenadora da Associação do Coletivo de Mulheres Organizadas do Norte de Minas, entidade organizadora do evento, a IV Marcha tem o objetivo de mostrar a sociedade o que as mulheres produzem na agricultura familiar, além de marchar e reivindicar por seus diretos.
A Associação do Coletivo de Mulheres Organizadas do Norte de Minas, foi criada em 2010, com o objetivo de organizar as mulheres das comunidades rurais para que, juntas, pudessem lutar pelos seus direitos, combatendo a violência doméstica, gerando renda e soberania alimentar, contribuindo para que as mulheres ocupem  os espaços políticos e sociais que lhe são de direito nas instituições e entidades as quais representam ou possam vir a representar. A Associação é formada por 55 mulheres, das quais 95% são trabalhadoras rurais dos Territórios da Cidadania da Serra Geral e Alto do Rio Pardo e da micro região de Montes Claros.
Antônia Antunes da Silva Reis afirma que a participação nos movimentos contribuiu para que ela tivesse mais autonomia. “  Minha vida  mudou totalmente, pois antigamente eu não tinha liberdade nem conhecimento de nada e hoje, depois que comecei a participar dos “movimentos”, conheço meus direitos e tenho uma visão melhor pra entrar e sair de qualquer lugar.
Histórico - A organização da entidade iniciou-se no ano de 2008, com reuniões, encontros e debates sobre a necessidade destas mulheres de ocuparem espaços políticos nas Instituições e Entidades. Desde então, várias atividades foram realizadas e o processo de mobilização e envolvimento deste grupo, juntamente com outros grupos que atuam nas mesmas regiões, culminou na realização da Marcha de Mulheres. De 2010, quando a I Marcha foi realizada em Montes Claros, até 2012, quando foi realizada a III Marcha, no Território da Cidadania do Alto Rio Pardo de Minas, o número de participantes aumentou de 400 para duas mil mulheres. A cada ano o movimento cresce e, com ele, a necessidade de implementar mais atividades, debates e oficinas. Para o ano de 2013, na IV Marcha, o Coletivo espera reunir cerca de três mil mulheres trabalhadoras rurais e urbanas.
Segundo dados da PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, divulgada pelo IBGE em 2006, as mulheres correspondem a quase metade da população rural do Brasil; no entanto, muitas delas não são nem mesmo reconhecidas como agricultoras familiares ou camponesas. A maioria das atividades produtivas realizadas pelas mulheres são consideradas extensão do trabalho doméstico. Como decorrência, houve o não reconhecimento dos seus trabalhos, tanto doméstico e para autoconsumo, quanto daqueles realizados no roçado. Isso gerou, durante centenas de anos, uma negação de autonomia econômica e exclusão política nas decisões sobre a terra e o território. As mulheres da região Norte de Minas Gerais, como na maioria das regiões brasileiras, sofrem violência e discriminação e, mesmo sendo responsáveis por grande parte da renda familiar, não tem o seu trabalho reconhecido. A Marcha das Mulheres é uma das ferramentas que o Coletivo tem para implementar estratégias de articulação, participação e discussão sobre as políticas públicas específicas para as mulheres rurais.
A IV Marcha conta com o apoio da Associação Casa de Ervas Barranco Esperança e Vida (ACEBEV), os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais (STRs) de Porteirinha, de Rio Pardo de Minas, de Taiobeiras, de Riacho dos Machados, de Espinosa (que se estende a Mamonas), de Matias Cardoso, de de Pai Pedro, de Janaúba, São João do Paraiso, Indaiabira, de Jaíba, de Varzelândia, Bocaiúva, Buritizeiro, Montes Claros, Teófilo Otoni; o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA/NM), EMATER, Cooperativa Grande Sertão, COPASA, a Polícia Militar de Minas Gerais, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, a Prefeitura Municipal de Porteirinha e  Prefeitura Municipal de Janaúba.

 (Por Helen Santa Rosa, Valquíria Fonseca e Emanuele Almeida)

Data: 22 e 23 de março.
Local: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha – Porteirinha – MG.
Responsáveis: Maria de Lourdes Souza Nascimento (presidente da Associação/Coletivo) e Valquíria Dias Fonseca (sócia e assessora).
Contato: (38) 9137-7724 ou (38) 9923-2603
 

A 4ª MARCHA DAS MULHERES JÁ COMEÇA A SER ORGANIZADA



As mulheres da região já estão se preparando para marchar novamente. É a 4ª Marcha do ColetivoMulheres do Norte de Minas que já tem dia e local marcados. Será realizada no dia 23 de março, mês dasmulheres, em Porteirinha. No dia 22 também está previsto oficinas, partilha e uma grande feira. Elas prometem colocar 3.000 mulheres nas ruas porteirinhenses e os preparativos já estão a todo vapor.

Para contribuir na organização, na última quarta-feira (06) aconteceu a assembléia ordinária da Associação do Coletivo de Mulheres do Norte de Minas (ACMUNM) na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha. A assembleia teve como principal objetivo a aprovação do estatuto e o planejamento da 4ªMarcha. Foram organizadas diversas comissões como infraestrutura, alimentação, oficinas, acolhida entre outras que já estão trabalhando a mais de um mês.

Maria de Lourdes Souza Nascimento, presidente da ACMUNM e também diretora do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Porteirinha se surpreende quando vê cada dia mais e mais mulheresinteressadas pelo movimento. “É muito bom quando a gente vê novas pessoas e novos municípios entrando no grupo”. Para ela “isso mostra que a articulação está se fortalecendo, mas sobretudo, mostra que asmulheres tem muitos desafios e conquistas a serem realizadas.”

“É incrível como as mulheres estão dispostas a ser organizarem, a botar o Coletivo para frente, a ocupar os espaços que são delas de direito”, afirmou Valquíria Dias, que também faz parte do Coletivo. Ela ficou impressionada com a coragem das mulheres em bancar uma passeata com 3.000 mulheres, muitas disponibilizando sacos de feijão, de frutas ou do que puderem contribuir, cada qual do seu modo.

Quem quiser participar, deve procurar o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de próprio município.

terça-feira, 15 de maio de 2012

GRUPOS PRODUTIVOS DE MULHERES RECEBEM APOIO


O Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Porteirinha está investindo na  formação de grupos produtivos de mulheres. É o Projeto Organização Produtiva de Mulheres Rurais realizada em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA que tem como objetivo investir na capacitação de grupos organizados.

Nos últimos dias 17 e 18 de abril, aconteceu a primeira etapa da execução do Projeto com a realização do Seminário de Gestão e Comercialização de Produtos de Grupos de Mulheres Rurais. Cerca de 100 mulheres estiveram presentes.

O seminário contou com uma equipe de animação liderada pela sanfoneira Eliane da comunidade do Touro, município de Serranópolis de Minas, que aproveitavam os intervalos para animar as participantes do evento com músicas populares e  regionais. Os trabalhos foram coordenados pela presidente e secretária da Associação do Coletivo de Mulheres Organizadas do Norte de Minas- ACMONM, Maria de Lourdes Souza Nascimento e Anailde Rocha. Estiveram presentes também diversas lideranças de organizações como associações, conselhos, pastorais, entre outros. O Seminário também contou com a contribuição do instrutor Avelino Miguel, que desenvolveu os temas ligados à gestão e comercialização. 

O Projeto Organização Produtiva de Mulheres Rurais é uma iniciativa do Coletivo de Mulheres do Norte de Minas, executado pelo STR de Porteirinha com apoio do MDA. São previstas diversas capacitações para mais de mais de 200 mulheres de Grupos Produtivos dos municípios de Porteirinha, Monte Azul, Catuti, Gameleiras, Janaúba, Serranópolis de Minas, Riacho dos Machados, Verdelândia e Matias Cardoso.

sexta-feira, 30 de março de 2012

MULHERES DO NORTE DE MINAS SEGUEM EM MARCHA

No último dia 17, mulheres de todo Norte de Minas se reuniram no município de Taiobeiras para marchar por mais justiça, liberdade e igualdade. Com firmeza nos ideais e alegria no coração, cerca de 2.000 mulheres seguiram pelas ruas da cidade na III Marcha das Mulheres do Norte de Minas onde cantaram, expressaram palavras de ordem e colocaram para fora toda a indignação com a desigualdade e injustiças sociais, econômicas e ambientais.

Durante o percurso, as mulheres fizeram quatro grandes paradas que refletiram sobre importantes temas. Na primeira parada foi feita a reflexão sobre a violência contra a mulher, a segunda, foi para denunciar os investimentos minerários na região, a terceira reivindicou salários justos com igualdade e liberdade. Já a quarta e última parada refletiu sobre a invisibilidade e desvalorização do trabalho produtivo e reprodutivo realizado pelas mulheres.
Luzinete Aparecida Batista, também conhecida como Netinha, participou pela terceira vez da Marcha. Para ela “é um orgulho e uma emoção muito grande participar de um momento como esse, em que as mulheres saem nas ruas para falar o que está entalado. É muito bonito quando as mulheres saem de suas casas e vão ao encontro das outras”, desabafa. Para Maria de Lourdes Souza Nascimento, a mobilização da Marcha teve resultados não só em quantidade, mas também em qualidade. Para ela, “isso foi claro pela postura e pronunciamento das mulheres que manifestaram seu protagonismo, cada uma do seu próprio jeito”. Segundo Lourdes, também foi impressionante o grande número de homens que voluntariamente participaram da Marcha.

MINERAÇÃO - Anunciado pela mídia e pelos políticos como a redenção do Norte de Minas, as mulheres denunciaram que as empresas mineradoras estão querendo na verdade é explorar os recursos naturais e deixar as crateras da destruição na região. As mulheres também denunciaram que elas serão as principais impactadas uma vez que gerará um grande fluxo de trabalhadores vindos de todos os lugares do pais, o que historicamente tem acarretado para as regiões minerárias, crescente índice de exploração sexual e aumento da criminalidade.
EMOÇÃO - Durante a Marcha, quando foi abordado sobre a violência contra as mulheres, a comoção tomou conta do coletivo. Com faixas nas mãos e sensibilizadas pelo tema, a reflexão com depoimentos e leituras de textos levou diversas mulheres a se emocionarem lembrando de situações vividas por muitas delas e em solidariedade às demais companheiras que continuam sendo agredidas de todas as formas, na maioria das vezes pelo seu companheiro.

Ao final da Marcha foi feito a leitura da Carta da III Marcha de Mulheres do Norte de Minas que sistematiza as lutas e as reivindicações das mulheres organizadas. A Marcha foi organizada pela Associação do Coletivo de Mulheres do Norte de Minas em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Taiobeiras e de demais sindicatos da região.


Carta da III Marcha do Coletivo de Mulheres do Norte de Minas
Taiobeiras-MG, 17 de Março de 2012


Nós mulheres do Norte de Minas estamos em marcha, com passos lentos daquelas que já sentem o peso da caminhada da vida, mas ainda tem muita resistência para marchar, com passos apressados, afoitos daquelas que no vigor da juventude estão dispostas a lutar, com passos cuidadosos daquelas que a cada passo planejam onde querem chegar. Estamos em marcha, sempre em movimento, não estamos esperando, estamos fazendo, construindo, denunciando, plantando e colhendo, estamos sempre lutando. 
Na defesa dos direitos das mulheres norte mineiras, sejam elas quilombolas, indígenas, geraizeiras, caatingueiras, vazanteiras, agricultora familiar, atingidas por barragens, pela monocultura do eucalipto ou pela mineração, assentadas da reforma agrária, trabalhadora rural ou urbana, o Coletivo de Mulheres do Norte de Minas realizou entre os dias 16 e 17 de março de 2012, a sua terceira Marcha.
A III Marcha do Coletivo de Mulheres do Norte de Minas reuniu na cidade de Taiobeiras, situada na região do Alto Rio Pardo, cerca de 2.000 mulheres, de 23 municípios do Alto Rio Pardo e da Serra Geral. 
A terceira versão da Marcha trouxe para o debate os seguintes temas:
·         A Violência Contra as Mulheres
·         Invisibilidade e desvalorização do trabalho produtivo e reprodutivo das mulheres
·         A mineração não é desenvolvimento é destruição
·         Trabalho e Salários Dignos: Contra as desigualdades no trabalho assalariado. 

Violência contra as mulheres
        
         A violência contra as mulheres é tema reincidente, em todas as versões da Marcha, denunciamos todas as formas de violência contra as mulheres, cobrando medidas, políticas públicas e incentivando a organização das mulheres.
         A violência contra as mulheres e meninas é estrutural, e conseqüência de um modelo capitalista e patriarcal de sociedade, baseado em relações de poder e propriedade onde a mulher é considerada e tratada como objeto de propriedade e uso do homem, a violência é vista como algo natural. Essa naturalização da violência contra a mulher faz com que as próprias mulheres tenham dificuldades em entender que estão sofrendo violência, principalmente quando o tipo de violência não é físico.
É preciso fazer chegar mais informações sobre os vários tipos de violência que muitas mulheres desconhecem, pois não deixam hematomas. Além da violência física, sexual e doméstica, é preciso denunciar também a violência de gênero, psicológica, a violência econômica ou financeira e a violência institucional.
      No Brasil a cada 4 minutos uma mulher é violentada em sua própria casa. 90% dos casos de violência contra a mulher são cometidos por pessoas do seu convívio. Mais de 40% das agressões resultam em lesões corporais graves ou morte. Os agressores permanecem impunes em 80% dos casos.
     Nós mulheres Norte mineiras e todas as mulheres do mundo queremos dar um basta na violência. É uma luta constante que já custou a vida de muitas companheiras. Não queremos somente denunciar e cruzar os braços queremos combater, contribuir na elaboração e construção de propostas, pela gravidade do problema muito precisa ser feito, é urgente o investimento em prevenção e combate a todo e qualquer tipo de violência contra as mulheres.
ü      Consideramos a Lei Maria da Penha um grande avanço, porém precisa ser mais divulgada, é preciso que se faça cumprir e que seja respeitada por todos principalmente por policiais e juízes.
ü      É imprescindível a construção de políticas intersetoriais nos níveis federal, estadual e municipal, com recursos financeiros e humanos adequados para a prevenção e punição da violência contra as mulheres.
ü      Ampliação da Rede de Serviços de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência (ampliação do número de Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher, de Casas Abrigo para as mulheres e seus filhos, Juizados Especializados e Varas adaptadas, Defensorias e Promotorias Especializadas, Serviços de Responsabilização e Educação do Agressor, Promotorias / Núcleos de Gênero no Ministério Público).
ü      Continuar a capacitação de Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e Centros Especializados de Assistência Social (CREAS) para o atendimento adequado às mulheres em situação de violência.
ü      Promover a geração de renda para mulheres em situação de violência. 
ü      Estimular o desenvolvimento de pesquisas sobre o tema, e que a divulgação seja acessível a todas as mulheres (cartilhas, vídeos, etc).
ü      Realização de Campanhas de sensibilização da sociedade para que não só as mulheres, mas que todos se sintam responsáveis em denunciar casos de violência contra a mulher.

ü      A prevenção da violência contra as mulheres e meninas por meio de atividades de sensibilização, explicitando como ocorre a violência, quais são suas causas, e como se manifesta, assim como por meio do estimulo à auto-organização das mulheres;

Invisibilidade e desvalorização do trabalho produtivo e reprodutivo das mulheres

Historicamente, foram atribuídos ao termo trabalho vários significados, porém atualmente a compreensão da categoria trabalho, adotada pelo sistema capitalista e patriarcal, está diretamente relacionada ao trabalho assalariado, desenvolvido em espaços urbanos, na maioria por homens que exercem atividades no mercado capitalista.
As desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho, não se dão por suas diferenças biológicas, mas sim por construções sociais expressas através da divisão sexual do trabalho, que faz uma separação entre trabalho de homem e trabalho de mulher, onde o trabalho do homem vale mais que o trabalho da mulher. Ás mulheres cabe o trabalho doméstico, de cuidados, chamado reprodutivo. Aos homens estão destinadas atividades que possuem valor de troca, que podem ser mercantilizados, o trabalho produtivo.   
O trabalho reprodutivo, ou seja, o trabalho doméstico e de cuidados (com crianças, doentes e idosos) desenvolvido exclusivamente pelas mulheres, apesar de toda a sua importância para a reprodução da vida humana não e considerado como trabalho, é invisível e desvalorizado. 
A dupla jornada e sobrecarga de trabalho imposta às mulheres, a não socialização do trabalho doméstico, a dificuldade de acesso ao emprego, desvalorização e exploração do trabalho da mulher, são construções de uma sociedade patriarcal, machista e capitalista, acirrando as desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho.
    Pesquisa recente do IBGE, apresenta as seguintes conclusões:
  • Embora as mulheres sejam a maioria da população adulta no Brasil e apresentarem níveis crescentes de ocupação, elas têm menor inserção no mercado de trabalho.
  • Apesar de representarem 53,5% da população brasileira em idade economicamente ativa, as mulheres ocupam somente 44,4 % dos postos de trabalho. 
  • Uma trabalhadora brasileira recebe em média R$956,80 por mês de trabalho por uma jornada de 40 horas semanais. O valor representa 71,3% do que um homem recebe pelo mesmo trabalho.
  • Com relação à escolaridade as mulheres têm se destacado, de 2003 a 2008, o percentual de mulheres com ensino médio completo aumentou de 51,3% para 59,9%. Entre os homens no mesmo período aumentou de 41,9% para 51,9%.
  • Mas a escolaridade não é garantia de melhores condições de emprego para elas. A diferença de rendimentos entre os gêneros é ainda maior nas classes mais escolarizadas. Uma mulher com curso superior tem o salário em média 40% menor que um homem com a mesma função.
            È preciso que a mesma sociedade que criou as desigualdades crie também as possibilidades de modificação dessa realidade, é necessária a “reorganização do trabalho doméstico e de cuidados para que a responsabilidade por este trabalho seja compartilhada entre homens e mulheres dentro da família e comunidade”. É preciso que sejam construídas políticas públicas que apóiem a reprodução social, como creches, lavanderias coletivas e restaurantes populares, cuidados para idosos, assim como a redução da jornada de trabalho sem redução de salários.

A mineração não é desenvolvimento é destruição!
           
            Em nome do desenvolvimento econômico as regiões do Alto Rio Pardo e Serra Geral, desde a década de 1970 vêm sendo impactadas com grandes projetos como a pecuária, a monocultura do eucalipto, com destruição do cerrado e da caatinga, concentração e grilagem de terras, superexploração dos trabalhadores e enriquecimento de alguns. Atualmente a mineração é o grande projeto proposto para as regiões. Perguntamos: QUE DESENVOLVIMENTO É ESSE? PARA QUEM ESSE DESENVOLVIMENTO? QUEM DECIDIU QUE ESSE É O DESENVOLVIMENTO QUE QUEREMOS? Queremos chupar o umbu da caatinga, comer a cagaita do cerrado, roer piqui sem medo de morrer intoxicadas. Temos direito de continuar bebendo água pura dos ribeirões, dividir as sombras das árvores com as aves e demais animais menos perigosos que o homem. Não queremos este modelo que destrói as paisagens, utiliza grandes volumes de água e de energia, que gera resíduos, poluição do ar, poluição das águas subterrâneas e superficiais. Não queremos esse modelo que traz vibrações, rachaduras e barulhos nas casas causados pelas explosões e acidentes com minerodutos. Sabemos que em todas as regiões de mineração também são fortes os impactos sociais: inchaço das cidades e falta de infraestrutura para os serviços básicos como saúde, educação, transporte; aumento da violência e criminalidade; submissão do poder público e manipulação da opinião pública, acidentes com poluição e com trabalhadores; pressão imobiliária e aumento do custo de vida; pessoas de fora ocupando grande parte dos empregos gerados temporariamente; intensificação de conflitos por terra e água; perda de terras... enfim, todas essas conseqüências afetam diretamente as mulheres.
Não podemos deixar que empresas como a Sul América de Metais (SAM), Vale, CSN, Grupo Votorantim, MTransminas, Mineração Minas Bahia (Miba ) e Gema Verde, levem nossas riquezas e destruam nossas vidas impunemente. Precisamos defender nossas famílias, mulheres, meninas, nossas terras, o nosso modo de vida, nossos cerrados, caatingas e nascentes que serão gravemente afetados. Até quando nossos políticos vão ser cúmplices da catástrofe brasileira para garantir o desenvolvimento dos outros países e a destruição do nosso?

Trabalho e salários dignos: contra as desigualdades do trabalho assalariado.

Afirmamos a necessidade de proteger os direitos das assalariadas e assalariados rurais e urbanos e lutar por condições dignas de vida e de trabalho, e contra as ameaças aos nossos direitos trabalhistas. É imprescindível que trabalhadoras e trabalhadores conheçam a legislação trabalhista e sejam informados sobre os órgãos de fiscalização do trabalho urbano e rural. É preciso combater a exploração da mão-de-obra informal e o trabalho escravo, que ainda hoje consome as vidas de crianças, mulheres e homens, jovens e idosos. 
ü      Queremos que o Estado tenha políticas para garantir renda em situações de doença, de desemprego, licença maternidade e paternidade, aposentadoria (proteção social universal).
ü      Salários iguais para o mesmo trabalho de homens e mulheres, incluindo as remunerações pelo trabalho em zonas rurais;
ü      Salário mínimo justo (para diminuir a diferença entre salários mais altos e mais baixos e assegurar que todas e todos vivam com dignidade com as pessoas que são seus dependentes) instituído por lei que sirva como referência para todo o trabalho remunerado (público e privado) e prestação de serviços sociais públicos. Criação ou fortalecimento de uma política de valorização permanente do salário mínimo, com valores comuns para sub-regiões ou regiões;
“Para que todas as mulheres tenham autonomia econômica temos que construir uma sociedade na qual o trabalho - em todas as suas formas – seja reconhecido e valorizado”.

A nossa luta é por liberdade, solidariedade, igualdade, justiça e paz.
Em marcha sempre, até todas sejamos livres!

sexta-feira, 16 de março de 2012

III MARCHA DE MULHERES DO NORTE DE MINAS REUNIRÁ 2.000 EM TAIOBEIRAS

As mulheres organizadas norte-mineiras pretendem parar as ruas taiobeirenses. Isso é o que afirma a organização da III Marcha das Mulheres do Norte de Minas que acontecerá no próximo dia 17 de março, mês das mulheres, no município de Taiobeiras, micrroregião do Alto Rio Pardo. Estão sendo esperadas mais de 2 mil mulheres, de cerca de 33 municípios, que marcharão por justiça, liberdade e igualdade.

A última versão da Marcha, que ocorreu em 2011, aconteceu entre os municípios de Nova Porteirinha e Janaúba e contou com a participação de mulheres de toda região, sendo em sua maioria trabalhadoras rurais, totalizando a presença de quase mil mulheres na passeata, segundo dados da Polícia Militar. A primeira versão em 2009, foi em Montes Claros e parou o centro da cidade que é considerada a capital norte-mineira.

Agora, no ano de 2012, a terceira versão pretende continuar chamando a atenção da sociedade para a violência contra a mulher que está em todos os cantos do Norte de Minas, entre outras bandeiras de luta. As atividades começam desde o dia anterior, dia 16, sexta-feira, onde haverá a chegada, acolhida e hospedagem das participantes. No mesmo dia, a partir das 18:00 horas acontecerá uma Mesa Redonda na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Taiobeiras sobre as temáticas da III Marcha que são: Combate à violência contra as mulheres; Trabalho produtivo e reprodutivo das mulheres; Salário digno, com justiça, igualdade e liberdade; e Mineração não é desenvolvimento é destruição. 

No dia da Marcha, dia 17, as mulheres se concentrarão na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Taiobeiras a partir das 07:00 horas da manhã, onde se prepararão com apitos, faixas e balões para parar as ruas da cidade norte-mineira marchando pela a construção de um mundo melhor.  

A III Marcha das Mulheres do Norte de Minas é realizada pela Associação do Coletivo de Mulheres do Norte de Minas e conta com a parceria de diversas organizações sociais entre elas, grande parte dos sindicatos dos trabalhadores rurais da região, que estão se preparando em grandes caravanas para a participação na Marcha.

Contato:

Maria de Lourdes – STR Porteirinha (38) 9919-3076 e 9197-9223
Elisângela – STR Taiobeiras  (38) 9181-6084 e 9180-6770
Maria Assis – Rio Pardo de Minas (38) 9199-9229

PROGRAMAÇÃO
16/03/2012
18:00 horas –Mesa redonda com discussão política sobre as temáticas da Marcha, na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Taiobeiras.

17/03/2012
07:00 horas - Café da manhã e preparação para a Marcha com concentração em frente a sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Taiobeiras e mobilização com apitos, balões e faixas. Logo após, as mulheres seguirão em Marcha pelas principais ruas da cidade.

MULHERES DO SEMIÁRIDO MINEIRO SE ARTICULAM EM LUTA

As organizações sociais do semiárido mineiro estão se preparando  com ânimo e força para a celebração das lutas das mulheres. Para isso, diversas iniciativas estão sendo planejadas para a realização nesse mês de março.

Uma das ações que promete parar as ruas do município de Taiobeiras, na microrregião do Alto Rio Pardo, é a III Marcha de Mulheres do Norte de Minas que planeja colocar mais de 2.000 mulheres de cerca de 33 municípios nas ruas taiobeirenses marchando por justiça, liberdade e igualdade. A marcha acontecerá no próximo dia 17 e é realizado pela Associação do Coletivo de Mulheres do Norte de Minas. 

Já em Montes Claros, considerada a capital norte-mineira, a Arquidiocese junto com as Pastorais sociais e demais organizações sociais e entidades populares, estão organizando a Semana da Mulher que culminará na II Marcha das Mulheres de Montes Claros. Durante as celebrações da semana que iniciou no último dia 05, é previsto blitz educativas nas ruas da cidade, místicas, panfletagem, entrega da carta para o legislativo sobre a situação das mulheres no município, palestras, debates e demais atividades que vão até o dia 10, onde as atividades serão encerradas com a grande marcha pelas ruas do município.

No Vale do Jequitinhonha, além de outras ações de organizações populares na região, o Programa Vozes da Terra, realizado pela Cáritas Diocesana do Baixo Jequitinhonha na Rádio Santa Cruz FM, vai fazer um programa especial sobre a luta das mulheres. O programa vai ao ar na próxima sexta-feira, 09, a partir das 11:30 horas.

Além dessas ações no interior, no Dia Internacional das Mulheres, celebrado no dia 08 de março, diversas mulheres do semiárido mineiro (regiões do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha) se juntarão as outras das demais regiões do estado para fortalecer o Ato Público que acontecerá na capital mineira, Belo Horizonte. A concentração acontecerá na Praça da Estação a partir das 15:00 horas. O ação está sendo construída pelos movimentos feministas, sindicais, sociais, estudantis e outras organizações de todo o estado de Minas Gerais. Segundo a organização do Ato, os movimentos feministas e as organizações sociais pretendem realizar uma forte crítica ao capitalismo, que utiliza a opressão da mulher para explorar e obter mais lucros. Além disso, as manifestantes irão exigir dos governos municipal, estadual e federal políticas efetivas para extinguir com a violência sexista e melhorar as condições de vida da mulher trabalhadora e sua família.

Por Helen Borborema, comunicadora da ASA/ STR Porteirinha-MG