sexta-feira, 22 de março de 2013

IV Marcha do Coletivo de Mulheres Organizadas do Norte de Minas



Cerca de três mil mulheres farão parte de mais um movimento de luta pela igualdade de direitos e reconhecimento do trabalho das mulheres rurais na cidade de Porteirinha.

Nos dias 22 e 23 de março, será realizada a IV Marcha do Coletivo de Mulheres Organizadas do Norte de Minas Gerais, no Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade de Porteirinha. Além da já conhecida passeata, o evento conta com oficinas, palestras, feira e uma noite cultural; tudo isso, baseado em temas para os quais o Coletivo de Mulheres trava lutas e debates há mais de quatro anos: direitos das mulheres, luta pela terra, luta pela água e produção agroecológica.
Para Maria de Lourdes de Souza Nascimento, coordenadora da Associação do Coletivo de Mulheres Organizadas do Norte de Minas, entidade organizadora do evento, a IV Marcha tem o objetivo de mostrar a sociedade o que as mulheres produzem na agricultura familiar, além de marchar e reivindicar por seus diretos.
A Associação do Coletivo de Mulheres Organizadas do Norte de Minas, foi criada em 2010, com o objetivo de organizar as mulheres das comunidades rurais para que, juntas, pudessem lutar pelos seus direitos, combatendo a violência doméstica, gerando renda e soberania alimentar, contribuindo para que as mulheres ocupem  os espaços políticos e sociais que lhe são de direito nas instituições e entidades as quais representam ou possam vir a representar. A Associação é formada por 55 mulheres, das quais 95% são trabalhadoras rurais dos Territórios da Cidadania da Serra Geral e Alto do Rio Pardo e da micro região de Montes Claros.
Antônia Antunes da Silva Reis afirma que a participação nos movimentos contribuiu para que ela tivesse mais autonomia. “  Minha vida  mudou totalmente, pois antigamente eu não tinha liberdade nem conhecimento de nada e hoje, depois que comecei a participar dos “movimentos”, conheço meus direitos e tenho uma visão melhor pra entrar e sair de qualquer lugar.
Histórico - A organização da entidade iniciou-se no ano de 2008, com reuniões, encontros e debates sobre a necessidade destas mulheres de ocuparem espaços políticos nas Instituições e Entidades. Desde então, várias atividades foram realizadas e o processo de mobilização e envolvimento deste grupo, juntamente com outros grupos que atuam nas mesmas regiões, culminou na realização da Marcha de Mulheres. De 2010, quando a I Marcha foi realizada em Montes Claros, até 2012, quando foi realizada a III Marcha, no Território da Cidadania do Alto Rio Pardo de Minas, o número de participantes aumentou de 400 para duas mil mulheres. A cada ano o movimento cresce e, com ele, a necessidade de implementar mais atividades, debates e oficinas. Para o ano de 2013, na IV Marcha, o Coletivo espera reunir cerca de três mil mulheres trabalhadoras rurais e urbanas.
Segundo dados da PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, divulgada pelo IBGE em 2006, as mulheres correspondem a quase metade da população rural do Brasil; no entanto, muitas delas não são nem mesmo reconhecidas como agricultoras familiares ou camponesas. A maioria das atividades produtivas realizadas pelas mulheres são consideradas extensão do trabalho doméstico. Como decorrência, houve o não reconhecimento dos seus trabalhos, tanto doméstico e para autoconsumo, quanto daqueles realizados no roçado. Isso gerou, durante centenas de anos, uma negação de autonomia econômica e exclusão política nas decisões sobre a terra e o território. As mulheres da região Norte de Minas Gerais, como na maioria das regiões brasileiras, sofrem violência e discriminação e, mesmo sendo responsáveis por grande parte da renda familiar, não tem o seu trabalho reconhecido. A Marcha das Mulheres é uma das ferramentas que o Coletivo tem para implementar estratégias de articulação, participação e discussão sobre as políticas públicas específicas para as mulheres rurais.
A IV Marcha conta com o apoio da Associação Casa de Ervas Barranco Esperança e Vida (ACEBEV), os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais (STRs) de Porteirinha, de Rio Pardo de Minas, de Taiobeiras, de Riacho dos Machados, de Espinosa (que se estende a Mamonas), de Matias Cardoso, de de Pai Pedro, de Janaúba, São João do Paraiso, Indaiabira, de Jaíba, de Varzelândia, Bocaiúva, Buritizeiro, Montes Claros, Teófilo Otoni; o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA/NM), EMATER, Cooperativa Grande Sertão, COPASA, a Polícia Militar de Minas Gerais, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, a Prefeitura Municipal de Porteirinha e  Prefeitura Municipal de Janaúba.

 (Por Helen Santa Rosa, Valquíria Fonseca e Emanuele Almeida)

Data: 22 e 23 de março.
Local: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha – Porteirinha – MG.
Responsáveis: Maria de Lourdes Souza Nascimento (presidente da Associação/Coletivo) e Valquíria Dias Fonseca (sócia e assessora).
Contato: (38) 9137-7724 ou (38) 9923-2603
 

A 4ª MARCHA DAS MULHERES JÁ COMEÇA A SER ORGANIZADA



As mulheres da região já estão se preparando para marchar novamente. É a 4ª Marcha do ColetivoMulheres do Norte de Minas que já tem dia e local marcados. Será realizada no dia 23 de março, mês dasmulheres, em Porteirinha. No dia 22 também está previsto oficinas, partilha e uma grande feira. Elas prometem colocar 3.000 mulheres nas ruas porteirinhenses e os preparativos já estão a todo vapor.

Para contribuir na organização, na última quarta-feira (06) aconteceu a assembléia ordinária da Associação do Coletivo de Mulheres do Norte de Minas (ACMUNM) na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha. A assembleia teve como principal objetivo a aprovação do estatuto e o planejamento da 4ªMarcha. Foram organizadas diversas comissões como infraestrutura, alimentação, oficinas, acolhida entre outras que já estão trabalhando a mais de um mês.

Maria de Lourdes Souza Nascimento, presidente da ACMUNM e também diretora do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Porteirinha se surpreende quando vê cada dia mais e mais mulheresinteressadas pelo movimento. “É muito bom quando a gente vê novas pessoas e novos municípios entrando no grupo”. Para ela “isso mostra que a articulação está se fortalecendo, mas sobretudo, mostra que asmulheres tem muitos desafios e conquistas a serem realizadas.”

“É incrível como as mulheres estão dispostas a ser organizarem, a botar o Coletivo para frente, a ocupar os espaços que são delas de direito”, afirmou Valquíria Dias, que também faz parte do Coletivo. Ela ficou impressionada com a coragem das mulheres em bancar uma passeata com 3.000 mulheres, muitas disponibilizando sacos de feijão, de frutas ou do que puderem contribuir, cada qual do seu modo.

Quem quiser participar, deve procurar o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de próprio município.